domingo, 15 de junho de 2008

Verão...pássaros... poemas




É bom pensar na poesia no Verão!


Na praia, numa fuga em qualquer sítio entre doi(ua)s amigo(a)s, num qualquer café-esplanada-sombra, antes (ou depois, ou em vez de...) de uma qualquer bica ou outro qualquer item dos-que-se-sabe-que-se-encontram-nesses-lugares-de-especial-peregrinação-quando-é-Verão... (uf!), nada melhor que um-dois-três poemas!


O do Herberto Hélder está ainda fresco. O do Ruy Belo tem pássaros, árvores, a vida transformada, a alegria de ainda os termos (vermos):


Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores

Os pássaros começam onde as árvores acabam

Os pássaros fazem cantar as árvores

Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se

deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal

Como pássaros poisam as folhas na terra

quando o outono desce veladamente sobre os campos

Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores

mas deixo essa forma de dizer ao romancista

é complicada e não se dá bem na poesia

não foi ainda isolada da filosofia

Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros

Quem é que lá os pendura nos ramos?

De quem é a mão a inúmera mão?

Eu passo e muda-se-me o coração


Ruy Belo

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