quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Memórias de papel"


Desta vez, na vitrina do Polivalente, a "memória" voltada para o escritor Mário de Carvalho!


Devido ao seu (já não muito...) recente novo livro (2008), que acabámos de adquirir - A Sala Magenta -, Mário de Carvalho tem merecido o destaque dos media.


Claro que se notava que faltava o nosso! Ele aí está!

Estão expostas algumas das suas obras principais, sinopses e uma biografia, para além da relação da sua obra e prémios obtidos!


Eu vejo raramente um amigo que é dado à quietação e sofrido de enfados. Trabalha nunca percebi em quê, dizem que negócios sedentários e rendíveis. Ele uma vez tentou explicar-me, mas aborreceu-se a meio, e eu também. Deixámos os bocejos para as calendas. O que nele é mais irritante é aquilo que a ciência popular designa por "saúde mental", défice de atribulações de alma. Volta e meia está casado, ou amigado, volta e meia, não. Tenho de usar de cautela para não lhe trocar o nome das companheiras, mais por elas que por ele. Tem filhos dispersos por idades, em lugares distantes, vai pagando pensões e almoços confirmativos de paternidade, pelas festas apropriadas. Não é feliz, nem infeliz, antes pelo contrário. Conhecemo-nos em miúdos no liceu e encontramo-nos quando calha. Sabe responder a um silêncio com outro silêncio, qualidade sem preço. É possível ler tranquilamente os semanários a seu lado. Numa destas primaveras chamou-me da sua casa de praia, arribada nuns penhascos oceânicos, ao norte de Santa Rita. Detesto meter-me à estrada, mas ele insistiu: Tinha uma coisa para me mostrar. Valia a pena? Sim."


("Contos Vagabundos")

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