quinta-feira, 16 de outubro de 2008

J. M. G. Le Clézio em Portugal




Este escritor francês premiado com o Nobel de 2008 tem uma obra vasta, com mais de cinquenta títulos publicados




Foi com o seu primeiro romance, "Le procès-verbal", escrito em 1963, que começou a despertar as atenções. Nos primeiros romances, Le Clézio abordava "os problemas e o medo que reinavam nas principais cidades ocidentais", refere o Comité Nobel. Foi, porém, em 1980, com o romance "Désert", que se afirmou em definitivo, ao vencer um prémio da Academia Francesa.


"Désert" contém "imagens magníficas de uma cultura perdida no deserto da África do Norte, que contrastam como uma descrição da Europa pelos olhos de imigrantes não desejados".
Este organismo nota ainda que Le Clézio foi, desde cedo, um "autor ecologicamente empenhado", algo visível em romanes como "Terra amata" (1967) e "La guerra" (1970).




Duma entrevista dada a uma revista brasileira, há anos, destacamos este excerto significativo:

Estado - Você escreve romances de aventuras, à maneira de Conrad e Stevenson. Um tipo de livro que quase ninguém mais ousa escrever. Qual é a causa dessa obstinação?
J.M.G. Le Clézio - Eu não fujo das minhas influências. Creio que há alguns romances que me influenciaram muito, eu diria até que me influenciaram de maneira definitiva. Os livros de Robert Louis Stevenson, por exemplo. Certamente, sou obrigado a pensar em A Ilha do Tesouro. Mas penso antes de tudo em Kidnapped, para mim o romance mais espetacular que Stevenson escreveu, o grande modelo para o romance de aventura. Kidnapped conta a história de um menino e seu choque contra um mundo violento. É a história de uma passagem entre o mundo infantil e o mundo adulto. Todo grande romance de aventuras é, no fundo, o relato de uma grande iniciação.


Em Portugal existem poucos trabalhos seus editados. Enquanto não chegam aos escaparates os que o prémio vai levar a editar (porque os leitores estão curiosos e querem, naturalmente, conhecer o autor...) destacamos:

- Da Assírio & Alvim - "O Caçador de Tesouros"
O Caçador de Tesouros, peregrino incansável do mundo, dá-nos uma fatia da sua vida, faz-nos ver com os seus olhos tudo aquilo que vê: a «árvore do bem e do mal», os montes, as pedras, os campos, enfim, toda uma paisagem que se estende perante os seus olhos, e também perante os nossos. Como elemento central de adoração e culto está o mar: o seu irresistível chamamento, a vida que encerra em si, a rebeldia que nos fascina e amedronta. O Caçador de Tesouros viaja e relembra o mar, do qual não pode estar longe, pois ele é parte indissociável da sua vida. (Webboom)

- Da Dom Quixote - "O Deserto", por muitos considerado a sua obra-prima.

Fica o convite! Pode ser que por aí, numa livraria "perdida", numa prateleira "escondida", silencioso e leve se....


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