É bom pensar na poesia no Verão!
Na praia, numa fuga em qualquer sítio entre doi(ua)s amigo(a)s, num qualquer café-esplanada-sombra, antes (ou depois, ou em vez de...) de uma qualquer bica ou outro qualquer item dos-que-se-sabe-que-se-encontram-nesses-lugares-de-especial-peregrinação-quando-é-Verão... (uf!), nada melhor que um-dois-três poemas!
O do Herberto Hélder está ainda fresco. O do Ruy Belo tem pássaros, árvores, a vida transformada, a alegria de ainda os termos (vermos):
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Ruy Belo
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